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Por quê as grandes empresas adoram o mindfulness?

  • Foto do escritor: Guilherme de Oliveira Zanoni
    Guilherme de Oliveira Zanoni
  • 21 de jun. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 19 de jul. de 2022

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Foto de Ava Sol, no Unsplash

Há mais de um ano, vivemos uma pandemia de grandes consequências sobre nosso contexto como um todo. Acordamos e vamos dormir sendo bombardeados pelo número de mortos que não para de crescer e uma vacinação que oscila entre o devagar e o parando. Nossos empregos foram afetados, nossas possibilidades de lazer se tornaram escassas.


Com bares, restaurantes, cinemas e parques fechados ou abertos mas representando um risco sanitário, os momentos de prazer e relaxamento reduziram muito. De repente, montamos escritórios improvisados em algum espaço da casa, um cantinho no quarto ou emprestando a mesa da cozinha. Era pra ser transitório, mas há mais de um ano, o home office passou de exceção à regra, numa mudança tão corrida quanto tropeçada. Acordar, trabalhar, dormir. Tudo sem sair de casa, sem estar com um grupo de pessoas (presencialmente) há meses. Corremos para comprar cadeiras gamer, suportes para notebook e todo tipo de quinquilharia que pudesse ao menos diminuir o desgaste de trabalhar de casa ( na verdade, de dormir no trabalho). E a saúde mental?


Mais do que um estado de funcionamento adequado do corpo, saúde é um estado de bem-estar físico, mental e social, segundo a própria Organização Mundial da Saúde (OMS). A Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde (SUS), em seu artigo 3º, apresenta:


Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País.

Saúde é feita ou desfeita nas interações, no cotidiano. Trancados em casa, nossas interações do home office se limitam, em grande parte, ao próprio trabalho. Acordar, trabalhar, dormir. Acordar, trabalhar, dormir. Repete. E aí entra o queridinho do mundo corporativo quando se fala em saúde mental: o mindfulness.


O mindfulness é um conjunto de técnicas da Psicologia que têm como objetivo aumentar a conexão do indivíduo com o momento presente. Usando de exercícios de respiração, o mindfulness treina a habilidade de prestarmos atenção ao que estamos sentindo. Como está o meu corpo agora? Tenso? Relaxado? Eu consigo perceber meu peito subindo e descendo conforme respiro? E a sensação do peso do meu corpo sobre a cadeira?


Parece bom, certo? E é mesmo. O mindfulness vem sendo aplicado em diversos contextos pela Psicologia, com bons resultados. Mas quando é aplicado pelas empresas, em programas corporativos, a mensagem fica distorcida: no discurso corporativo, as meditações mindfulness são apresentados como uma prática de saúde tratativa, uma ferramenta para lidar com o estresse do dia a dia. E isso é uma distorção.


Se o meu trabalho exige jornadas de trabalho extenuantes, porque as reuniões por videochamada no Zoom ocupam todo o horário comercial e eu preciso sacrificar meu sono e lazer para atender às demandas, não é meditando que eu vou resolver o problema.


Nesse exemplo, a meditação não tem como ser uma solução em si, mas sim uma forma de identificar o problema.


A técnica serve muito mais para que o sujeito entre em contato com suas próprias emoções e entenda em que contextos elas aparecem. O que está provocando essa emoção? Que situação me deixa assim? Após essa observação cuidadosa, atenta e não julgadora, aí sim pode-se pensar alternativas ou soluções. É possível negociar prazos? A empresa está interessada em respeitar seus limites pessoais? Buscar outro emprego é uma opção?


Sem que se dê esse próximo passo, o mindfulness passa a ser uma forma de individualizar um problema coletivo ou estrutural. Adotado institucionalmente, a meditação se torna uma forma de terceirizar a responsabilidade pela saúde ou adoecimento do sujeito para ele mesmo, e não para o contexto. Quase como se a empresa não tivesse participação alguma no aumento do estresse, como se essa fosse um problema do empregado, que ele deve resolver por sua própria conta, olhando para dentro de si.


Que fique claro: o mindfulness não é o inimigo. Mas também não pode ser visto como uma solução universal para todos os problemas. Nosso estresse é efetivamente provocado pelo meio, pelo contexto em que vivemos. A saúde se dá, portanto, na medida em que se altera esse contexto.

Se você está sofrendo para lidar com o estresse, saiba que você não precisa resolver isso sozinho. Busque um psicólogo credenciado ao Conselho Regional.

 

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